Amigo leitor, imagine um passarinho fora do ninho. Assim podemos classificar o pré-candidato a prefeitura de Alagoinhas pelo PDT, Tonho Rato. Neste caso, o passarinho é o próprio Tonho, e o ninho, o PT. O pré-candidato pedetista quer ser uma alternativa ao PT no campo da esquerda, mas sente dificuldades em apontar críticas fundamentais para fazer com que o eleitor faça uma diferencia tênue entre o seu discurso e o discurso petista.
Em entrevista ao Programa Primeira Mão, na última terça-feira, Tonho Rato criticou a gestão Paulo Cezar e a do prefeito Joaquim Neto. Criticou a postura de vereadores e do pré-candidato Roberto Torres, mas preservou Luciano Sérgio, pré-candidato petista, Radiovaldo Costa e o deputado federal Joseildo Ramos, 2 vezes prefeito da cidade, lideranças fundamentais para transferência de votos a Luciano.
É bom lembrar que recentemente Joseildo Ramos se negou a acatar um pedido do próprio Tonho Rato e da classe dos petroleiros para que fizesse a indicação de uma emenda à reforma da previdência para salvaguardar os proventos daqueles funcionários das estatais que se aposentaram, mas foram recontratados pelas empresas no regime de CLT. Tonho teve que recorrer ao deputado Paulo Azi, do DEM, para que esta emenda fosse feita à reforma. Cerca de 50 mil funcionários da Petrobras e de outras empresas controladas pelo governo foram beneficiados. Apesar disso, o pedetista não disfarça o desejo do apoio do PT a sua pré-candidatura, algo que nunca irá ocorrer.
Ao não fazer uma distinção clara entre sua proposta e a proposta petista, a tendencia é que a pré-candidatura de Tonho não passe de fantasia. A lógica é clara, para que um eleitor habituado a votar no PT vai mudar seu voto para uma especie de ‘candidatura gemeo’?! Tem que mudar o discurso.
Acreditar que os 8 anos de petismo em Alagoinhas foram perfeitos é burrice. Todo o governo tem seus defeitos. Não é a toa que o PT perde em Alagoinhas há 3 eleições. Mas para o pedetista, ainda há dificuldades em encontrar um discurso que o diferencie de forma clara do PT, sem abandonar a esquerda.
Durante a campanha presidencial, o candidato do PDT, Ciro Gomes, incorreu no mesmo erro. Resultado, não foi para o segundo turno e viu o candidato que incorporou o anti-petismo, Jair Bolsonaro, chegar ao poder, sem nenhuma estrutura partidária. Após a eleição, Ciro muda seu discurso e vem fazendo sucessivas críticas ao petismo, sem abandonar sua proposta alinhada a esquerda. O Ciro quer se apresentar como uma alternativa viável fora do petismo, algo que Tonho Rato tem dificuldades em fazer, se é o que realmente quer fazer.
Caio Pimenta é Bacharel em Direito, radialista, comentarista do Programa Primeira Mão da rádio Ouro Negro FM 100,5 FM e rádio 2 de Julho. Ele também é editor-chefe do site News Infoco