O anúncio de que a Bahia chegou a marca de 80% de leitos ocupados é preocupante. Desde de sexta-feira(19), o Governo do Estado endureceu a politica de toque de recolher nos municípios baianos, impondo o fechamento do comercio e a restrição da locomoção das pessoas a partir das 22h, até as 5h do dia seguinte. É preciso destacar, que a maioria dos municípios baianos já vinham impondo toques de recolher, em Alagoinhas, por exemplo, ela iniciava-se as 00h e vigorava até as 5h da manhã.
Nada disso foi capaz de brecar a alta do número de internamento do estado e, agora a pouco, o governador anunciou que o toque de recolher se iniciará as 20h a partir de amanhã.
A vinda da segunda onda da covid-19 já era discutida desde que a primeira onda da doença assolava o país. À época já se afirmava, inclusive, que a segunda onda seria muito mais agressiva que a primeira. Nesse tempo qual foi o investimento do Governo do Estado na criação de novos leitos de UTI?
Ao contrario, o Governo Rui Costa, insistiu na politica de ataque ao governo federal, exigindo vacinas, algo que o mundo todo está correndo atrás, e os laboratórios tem tido problemas para suprir a demanda mundial. O Governo estadual afastou ainda qualquer politica de descentralização dos leitos de UTI para covid-19. Alagoinhas e região, por exemplo, ainda utiliza Salvador como cidade receptora destes internados e o município conta com somente 10 leitos de UTI, os mesmos que já existiam no Hospital Regional Dantas Bião e que servem para mais 22 municípios.
Ao impor o toque de recolher, o Governo do Estado impõe uma ação politica para uma situação que é de saúde pública. Impõe aos policiais militares a incumbência de cercear o direito de ir e vir das pessoas de bem. Friso as pessoas de bem, porque os marginais, que em épocas de normalidade já não respeitavam as forças policiais, agora é que não mudarão de atitude.
Os assaltantes continuam nas ruas, os traficantes continuam a vender drogas, inclusive, durante o toque de recolher.
O Governo do estado mostra desapreço a quem precisa trabalhar, a quem, de forma ordeira, busca o sustento por meio da atividade comercial no período noturno. O governador demonstra ter desapreço as liberdades individuais do cidadão, ao preferir impor o cerceamento do direito de ir e vir do cidadão, ao invés de investir na criação de novos leitos de UTI. Só para constar como exemplo, aqui em Alagoinhas, 20 leitos de UTI construídos pelo HCA continuam desativados por falta de um convênio com o governo estadual.
Enquanto o governo estadual insiste na demonização do empresário, daqueles que dependem da atividade comercial, se esquece de acabar com os paredões financiados pelo tráfico de drogas, como foi denunciado publicamente tempos atrás pelo ex-comandante geral a PM, o coronel Anselmo Brandão.
Toque de recolher que só vale para o cidadão de bem não resolve nada. Ao contrário, cria desempregados.
Já a criação de novos leitos de UTI, além de salvar vidas, salva o emprego das pessoas.
Escrito por Caio Pimenta, bacharel em Direito, radialista, apresentador do Programa Primeira Mão da rádio Ouro Negro FM 100,5 FM e rádio 2 de Julho. Ele também é editor-chefe do site News Infoco