Este ano, o PSDB registrou o pior desempenho de um candidato em eleições presidenciais desde 1989, o que levou dirigentes do partido a apontarem erros de Geraldo Alckmin na condução da presidência da legenda. O tucano registrou cerca de 5 milhões de votos, pouco mais de 4% do total – o que prejudicou também o desempenho dos candidatos a deputados, especialmente em São Paulo. Antes mesmo do resultado das urnas, já havia pressão para que Alckmin deixasse a presidência do partido, apesar do seu mandato só terminar em dezembro de 2019.

O movimento foi verbalizado pelo prefeito de São Bernardo do Campo, Orlando Morando (PSDB), que integra a direção estadual do partido em São Paulo. “Alckmin precisa reavaliar a permanência dele na presidência do PSDB. O partido não se reposicionou, e isso teve um impacto direto nas eleições proporcionais”, disse.

Já há pressão de parte da bancada do partido e de lideranças regionais para que o PSDB declare apoio formal a Jair Bolsonaro (PSL) no segundo turno, mas a tendência é pela liberação do voto. A direção executiva da sigla vai se reunir essa semana para discutir o tema. Em 2014, o partido elegeu dois governadores no primeiro turno – Alckmin em São Paulo e Beto Richa no Paraná – e outros três no segundo – Reinaldo Azambuja no Mato Grosso do Sul, Simão Jatene no Pará e Marconi Perillo em Goiás. A eles, se juntou mais tarde Pedro Taques (MT), que deixou o PDT em 2015. Neste ano, o partido pretendia ampliar de seis para sete os Estados sob seu comando. No entanto, não conseguiu nenhuma vitória no primeiro turno e poderá apenas manter o desempenho de 2014 caso consiga vencer em todas as seis disputas em que ainda continuam vivos: São Paulo, com João Doria; Minas Gerais, com Antonio Anastasia; Rio Grande do Sul, com Eduardo Leite; Rondônia com Expedito Jr.; Mato Grosso do Sul, com Reinaldo Azambuja; e Roraima, com José Anchieta. Na contabilidade do partido, a principal baixa é o Mato Grosso, onde Taques ficou em terceiro na disputa que elegeu Mauro Mendes (DEM).

Além da situação nos Estados, o partido também não elegeu tucanos importantes que tentavam vaga no Senado, caso de Beto Richa, no Paraná, e Marconi Perillo (Goiás), que é vice-presidente nacional da legenda. Ambos foram alvos de ações da Polícia Federal a menos de duas semanas do primeiro turno.

A contabilidade negativa continua quando se observam os resultados na disputa entre deputados federais: o PSDB de São Paulo foi de 14 para 7 federais – e José Aníbal não se elegeu. A mesma desidratação se verificou na luta entre os deputados estaduais: os tucanos caíram de 22 para 10 eleitos.

Estadao