Na sessão desta quinta-feira (4), a vereadora Juci Cardoso discorreu sobre a escalada da violência de gênero e o racismo estrutural. Inserida no contexto dos “21 Dias de Ativismo pelo Fim da Violência contra as Mulheres”, a parlamentar solicitou uma Moção de Repúdio pelo ataque brutal sofrido pela mãe da vereadora Sabrina Lima, do município de Quixabeira, que foi violentada física e sexualmente e abandonada em uma rodovia, encontrando-se atualmente na UTI.

Juci Cardoso destacou os requintes de crueldade que têm marcado os crimes recentes, citando casos chocantes como o do homem que matou a esposa e os quatro filhos carbonizados, e outro episódio onde o agressor mutilou a companheira com mordidas e a arrastou de carro por um quilômetro.

“Observe a escalada da violência e a necessidade da desqualificação, inclusive do corpo. Não dá mais para continuarmos contando corpos. Precisamos de políticas públicas eficientes para enfrentar essa cultura patriarcal que ensina homens a matar mulheres”, declarou.

A vereadora denunciou a violência política de gênero e o racismo que enfrenta no exercício do mandato. Juci revelou ter sido alvo de ataques racistas nas redes sociais, onde um internauta respondeu a uma postagem sua com a foto de um gorila.

“Seja quem nos visita ou quem está aqui, muitas vezes tratam essa violência como se nada fosse. Mas não serão racistas que dirão como vou me posicionar. A senzala aprendeu a ler e a entender a força da sua voz. Não serão racistas que dirão como vou me posicionar. Se eu não puder andar, eu vou correr. Se eu não puder correr, eu vou me rastejar. Mas eu rejeito, rejeito me deitar para esse tipo de gente violenta”, afirmou, alertando que a violência simbólica visa desestimular a permanência das mulheres nos espaços de poder, citando também as pressões sofridas pela vereadora Luma Menezes.

O vereador Thor de Ninha, que presidia a sessão, endossou o discurso e reforçou o debate. Ele lembrou o Dia Internacional das Pessoas com Deficiência, celebrado no dia anterior (3), e trouxe dados alarmantes da Organização Mundial da Saúde (OMS).

“A OMS constata que mais de 840 milhões de mulheres continuam sofrendo violência. É uma luta de todos, mas principalmente nossa, dos homens, que somos os protagonistas dessa violência e devemos assumir a responsabilidade pela mudança”, disse Thor de Ninha. O vereador informou ainda que solicitou pessoalmente ao governador Jerônimo Rodrigues que a pauta da violência contra a mulher seja prioritária em todas as audiências do estado.

Ainda em seu discurso, Juci Cardoso precisou cobrar respeito ao regimento interno da Casa, criticando conversas paralelas e interrupções durante as falas dos parlamentares. Para a vereadora, a falta de silêncio e atenção durante a discussão de temas graves reflete a naturalização do desrespeito e a tentativa de descredibilizar a fala feminina no espaço de poder.

Ascom – Câmara Municipal de Alagoinhas

Fotos – Jhô Paz