Na sessão ordinária desta quinta-feira (22), a vereadora Juci Cardoso (PT) utilizou a tribuna para relatar visita à Escola Municipal Hermes de Carvalho e ampliar o debate sobre os desafios enfrentados pelos profissionais da educação. A parlamentar concentrou seu pronunciamento em um panorama mais amplo, destacando questões estruturais que infligem diretamente sobre a saúde física e mental dos profissionais da educação.
“Quero saber quem fala sobre a sobrecarga dos profissionais de educação”, questionou. Em seguida, citou episódios recentes de violência contra professores e gestores escolares em diversas partes do país, apontando o agravamento das condições de trabalho e a falta de suporte aos educadores.
A vereadora também destacou o papel das desigualdades sociais no cotidiano escolar, mencionando questões de raça, classe e gênero. “Tudo desemboca na escola: o racismo, o bullying, a pobreza. São os filhos das pessoas em vulnerabilidade social que estão nas escolas públicas”, afirmou.
Também fez referência ao aumento no número de alunos com deficiência e apontou a necessidade de o poder público se preparar para esse cenário. De acordo com ela, na Escola Hermes de Carvalho há mais de 20 crianças com deficiência, mas faltam profissionais e materiais adequados. “Especialistas mostram que, nos próximos anos, a cada dez crianças que nascem, seis podem estar dentro do espectro autista. O que vamos fazer se não nos adaptarmos, inclusive no debate orçamentário?”, questionou.
A parlamentar também abordou o avanço do conservadorismo nas escolas, mencionando tentativas de cerceamento do trabalho pedagógico. “A polarização e o ódio chegaram também à escola, muitas vezes tentando cercear o fazer pedagógico dos professores”, pontuou.
Resistência
Abordando a questão da violência de gênero, a vereadora Juci Cardoso salientou que as mulheres são, majoritariamente, vítimas das agressões nas escolas. Assim, aproveitou para tratar sobre a falta de efetividade das leis e o descrédito da população em relação ao papel da Legislativo. “Qual é o papel da Casa das Leis, se as leis não são cumpridas nem efetivadas?”, questionou.
Neste contexto, declarou que “não será a mesma”, referindo-se a comentários desrespeitosos que relatou ter sofrido durante o mandato passado. “A Câmara é um espaço é público, e eu faço parte deste público, não apenas como vereadora, mas como cidadã que paga seus impostos nesta cidade”, afirmou.
Ao comentar episódios de ataques e tentativas de silenciamento sofridos, a vereadora Juci Cardoso afirmou que seguirá atuando. “Para aqueles que me chamaram de histérica, vou continuar dizendo: eu sou histórica. Estou resistindo e vou continuar resistindo aqui, a despeito daqueles e daquelas que não gostam. É só não ouvir na hora que eu estiver falando”, cravou.
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Ascom – Câmara Municipal de Alagoinhas
Foto – Jhô Paz