Em pronunciamento na tribuna da Câmara Municipal, na última terça-feira (3), a vereadora Juci Cardoso fez um forte apelo pela defesa das mulheres na política e denunciou a escalada da violência política de gênero vivenciada por todas as parlamentares da Casa Legislativa.
Em sua fala, destacou que, embora os poderes sejam independentes, o Parlamento cumpre com rigor sua função constitucional de fiscalização e cobrança, inclusive no que se refere à saúde, orçamento e zeladoria urbana.
Na sequência de seu discurso, Juci Cardoso assinalou “que na última semana vários casos estouraram em todas as Câmaras de Norte a Sul, que não dá nem para quantificar aqui por conta do tempo”, mas destacou o caso da ex-senadora Marina Silva, ministra do Meio-Ambiente, agredida em sessão do Senado. “Um pseudo-senador disse que ela tinha que se colocar no lugar dela, que na visão dele era o silêncio”, criticou, registrando “que um senador da Bahia tirou foto com o agressor no mesmo dia do ataque e postou em suas redes sociais, numa declaração clara de apoio ao agressor”.
Juci destacou que as 25 deputadas estaduais de São Paulo – de diferentes espectros ideológicos – foram ameaçadas de morte e estupro, enquanto nenhum deputado homem recebeu qualquer tipo de ameaça. A vereadora lembrou ainda de episódios recentes, como o ataque à senadora Marina Silva, que foi silenciada por um parlamentar e, logo após, viu seu agressor ser apoiado publicamente por outro senador.
“Esse país quer silenciar mulheres”, afirmou. A parlamentar relembrou ofensas que sofreu no último ano, entre elas ser chamada de “vagabunda de mandato” em grupos de WhatsApp. “Violência adoece e mata. E isso não pode mais ser naturalizado”, reforçou.
Como historiadora, Juci citou que, antes da atual legislatura, havia apenas quatro matérias sobre direitos das mulheres tramitando na Câmara. Hoje, são mais de 30 proposições e mais de 20 leis aprovadas com esse foco, fruto direto da atuação das quatro vereadoras que compõem o atual Parlamento Municipal.
A parlamentar solicitou ao presidente da Casa a contratação de psicólogos para atendimento das vereadoras. O requerimento, inicialmente verbal, será formalizado por escrito. A medida visa garantir apoio emocional e terapêutico às parlamentares que enfrentam violência, ataques etaristas, pressões familiares e desqualificações constantes em razão do gênero.
“Essa cidade é misógina, é racista, e questiona o tempo todo o fazer das mulheres”, afirmou Juci. Ela reforçou que a política também é lugar das mulheres e que a luta pela democracia passa pela pluralidade e pela garantia de direitos, incluindo o direito de participação política.