Vereadora Juci Cardoso denuncia violência política de gênero e reforça luta contra ataques às mulheres

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Na sessão desta terça-feira (19), a vereadora Juci Cardoso voltou a utilizar a tribuna para denunciar a violência política de gênero sofrida por ela e outras colegas parlamentares, reforçando que o enfrentamento à violência contra as mulheres precisa ser prioridade da Câmara Municipal. Em seu discurso, destacou que, mesmo no Agosto Lilás, campanha dedicada ao combate à violência doméstica, prevalece o silêncio diante de ataques que têm como objetivo manter a sub-representação feminina na política.

“Não é sobre gostar ou não de mim ou de qualquer outra vereadora, é sobre coerência. O silêncio é conivente, ajuda a esfaquear e a matar de diferentes formas”, afirmou a parlamentar, que também é procuradora da Mulher da Câmara Municipal e conselheira municipal de Defesa dos Direitos da Mulher.

Em seguida, destacou como a experiência feminina no espaço público é marcada por múltiplas ameaças e desqualificações, em meio à naturalização da violência de gênero. “Enquanto os senhores têm medo de ser assaltados na rua, nós temos medo do assalto, do estupro e dessa desqualificação moral que tentam fazer a gente todos os dias”, declarou.

Na oportunidade, a vereadora Luma Menezes – também procuradora da Mulher – apesar de se compadecer com a colega parlamentar, enfatizou que a solidariedade isolada não será suficiente para a superação dos problemas advindos do machismo estrutural, cobrando mudança de postura por parte dos homens. “É preocupante que tenhamos de sensibilizar os homens nos remetendo a mulheres que façam parte de suas vidas – como às suas mães e filhas -, esta é uma lógica antiga. Queremos vocês, homens aliados, combatam os comentários machistas que visam nos objetificar, transformando-nos em uma coisa”, sustentou.

No mesmo sentido, o vereador Thor de Ninha ressaltou que a transformação necessária passa por mudança cultural de perspectiva, que deve passar a entender a equidade de gênero como uma luta comum a todas as pessoas. “Toda mudança leva tempo, principalmente quando se trata de problemas culturais, somente a ação levará ao processo de mudança. Não se trata de um problema de marido e mulher, mas de toda sociedade”, disse.

O parlamentar ainda anunciou que, em razão da 5ª Conferência Estadual de Políticas para as Mulheres, que será realizada de 27 a 29 de agosto, em Salvador, adiou uma audiência pública de autoria de seu mandato que trataria sobre o papel do homem no combate à violência de gênero. Segundo ele, em breve, uma nova data para a realização do evento será divulgada.

Denúncia

O vereador José Edésio também ressaltou a necessidade de mudanças que rompam com os maus costumes, para ele as palavras precisam ser acompanhadas de atitudes. “Fácil é dizer, difícil é fazer. As palavras se perdem no vento, mas exerçam, pratiquem, demonstrem e façam”, afirmou.

Já o vereador Anderson Xará repudiou os ataques sofridos pela vereadora Juci Cardoso, destacando o empenho da parlamentar na causa da mulher. “Juci é uma guerreira que está o tempo todo apontando caminhos em prol da luta pelo direito das mulheres, enquanto criminosos a atacam”, defendeu.

Após o vereador Noberto Alves (Bebé), relatar a complexidade dos casos de violência doméstica, lembrando que muitas mulheres acabam desistindo de denunciar seus agressores, o vereador Darlan Lucena elucidou a questão, abordando o aspecto jurídico sob o qual a violência contra a mulher não pode mais ser tratada como assunto privado. “Nos casos de agressão contra mulher, a queixa registrada não pode mais ser retirada, pois passa a se tratar de uma ação incondicionada, ou seja, o titular da ação é o próprio Ministério Público”, explicou.

Coube ao vereador Cláudio Abiúde tratar sobre os contornos sociais que envolvem a denúncia a esses casos, ressaltando que os desafios não se restringem à coragem do registro de queixa. “Muitas vezes, a dependência financeira não permite que uma mulher denuncie. São diversos os aspectos a serem indagados sobre essa questão complexa”, contribuiu.

Por fim, a vereadora Juci Cardoso reafirmou que seguirá firme na causa da mulher, apesar dos ataques recorrentes. “Ainda assim seguiremos, mesmo eles tentando nos enterrar todos os dias. Mas continuamos nascendo, florescendo e inspirando outras mulheres a estarem aqui e em qualquer outro lugar que desejarem”, cravou.

Para assistir a sessão na íntegra, clique no link: TV Câmara Alagoinhas

Ascom – Câmara Municipal de Alagoinhas

Fotos – Jhô Paz