Na sessão ordinária de ontem (05), os vereadores Darlan Lucena, Anderson Xará e Thor demonstraram preocupação com a situação dos serviços de saúde em Alagoinhas. As manifestações refletiram o sentimento de insatisfação da população com a qualidade dos serviços prestados, além de apontarem a necessidade de maior eficiência na gestão e de ações concretas por parte do poder público.
O vereador Darlan Lucena destacou a queda contínua na qualidade do atendimento do Planserv, plano de saúde dos servidores estaduais. Segundo ele, embora as demandas tenham diminuído pela metade, a dificuldade de acesso aos serviços permanece alta no município. “Nunca tem vaga. O governo do estado diminuiu a capacidade de investimento e, mesmo com a redução das demandas, os beneficiários continuam sendo prejudicados. Quando vamos a Feira de Santana ou Salvador, encontramos exames e procedimentos com mais facilidade. É preciso uma interlocução urgente com os deputados”, afirmou.

Concordando com as críticas do parlamentar, o vereador Anderson Xará tratou sobre sobrecarga da rede municipal de saúde, ressaltando a frequência com que os parlamentares são procurados para resolver pendências relacionadas a exames, como ressonância magnética, e alertou para a necessidade de uma revisão das práticas de regulação. “Muitas vezes, regulações são feitas sem necessidade. Já houve caso em que o paciente estava em casa e não precisou do procedimento. Precisamos entender o que está acontecendo. As pessoas nos procuram porque acreditam que somos a esperança de mudança. A saúde do povo precisa melhorar”, declarou.

O vereador Thor de Ninha defendeu a necessidade de aperfeiçoar o sistema de regulação, mas ponderou reconhecendo os avanços promovidos pelo Governo do Estado. Ele destacou investimentos realizados desde a gestão de Jaques Wagner, com continuidade nos governos Rui Costa e Jerônimo Rodrigues. “A criação de policlínicas, ampliação de hospitais e a futura entrega do novo Hospital Regional Dantas Bião, com mais leitos e serviços de oncologia, são passos importantes. Mas ainda faltam vagas para atender à crescente demanda. A regulação é justa, pois organiza as necessidades, mas não é suficiente diante do cenário atual”, explicou.

O parlamentar ainda defendeu a responsabilização do que considerou “desmonte das políticas públicas federais” iniciado em 2016 e intensificado no governo do ex-presidente Jair Bolsonaro pela deterioração do sistema, destacando que o atual Governo Lula segue em processo de reconstrução.
Atendimento
O vereador José Edésio, líder da bancada de situação, somou seu discurso ao reconhecimento da fragilidade do sistema de saúde municipal, em especial quanto a oferta de ressonância magnética e a superlotação do Hospital Regional Dantas Bião. Após compartilhar um relato pessoal – no qual, mesmo sendo atendido na rede privada de saúde, esperou das 6h às 11h sem obter o resultado da ressonância magnética -, o vereador relatou que retornou ao local às 18h e sequer lhe foi prescrito nenhum medicamento. Sem resultados de exames ou qualquer encaminhamento, voltou dias depois e ainda assim não houve nenhuma resolução.
“Agora imagine um cidadão em situação de vulnerabilidade, que depende exclusivamente da rede pública. Se eu passei por isso, imagine quem não tem condições de enfrentar esse sistema”, alertou.

O vereador Cláudio Abiúde também se pronunciou sobre o debate em torno do Hospital Regional Dantas Bião. Ele reconheceu a recorrência do tema e ponderou sobre os desafios enfrentados pela unidade. “Não estou aqui para defender o funcionamento do hospital, mas é preciso considerar que ele deveria ser pactuado com 34 municípios – e hoje posso facilmente listar mais de 80 que recorrem ao atendimento. Atendemos até cidadãos de Sergipe com muita facilidade, realizando cirurgias e acolhendo casos de porta aberta.”
Para o parlamentar, é necessário refletir sobre o que pode ser feito para garantir prioridade aos moradores de Alagoinhas, sem perder de vista o caráter regional da unidade. “Como mudar essa realidade se o hospital permanece de portas abertas? Como atender nossos munícipes com excelência, quando alguém está esperando por uma cirurgia de vaga zero e outro paciente, já regulado e vindo de muito longe, acaba sendo atendido antes?”, questionou.

Em resposta às discussões sobre a alta demanda no Hospital, o vereador José Edésio ressaltou a natureza do equipamento como referência estadual. “O Hospital Regional Dantas Bião é, como o próprio nome diz, regional e de porta aberta. Não temos responsabilidade com pacientes de outros estados, mas, dentro do âmbito da Bahia, qualquer pessoa que esteja regulada ou precise de atendimento deve ser acolhida. É assim que funciona o sistema de saúde do nosso país – não há restrição: quem precisa do serviço deve ser atendido”, afirmou.
Por fim, apontou fatores estruturais que contribuem para a sobrecarga e os desequilíbrios do sistema. “Se a divisão econômica e estrutural fosse feita de forma equitativa, a Bahia – que é o terceiro maior estado do país – teria também a terceira maior arrecadação, inclusive na área da saúde. Mas não é isso que acontece. A má distribuição de renda, somada ao formato atual do SUS, gera distorções que muitas vezes nós, que estamos na ponta, não conseguimos perceber de imediato”, concluiu.
Para assistir a sessão na íntegra, acesse o link: TV Câmara Alagoinhas
Ascom – Câmara Municipal de AlagoinhasFotos – Jhô Paz