Em entrevista à imprensa, logo após ser eleito o novo presidente do Tribunal de Justiça da Bahia (TJ-BA), Lourival Almeida Trindade afirmou que a Corte vive “tempos sombrios”, mas está “otimista” e pretende fazer uma “gestão compartilhada”. O desembargador assume a Corte em meio à Operação Faroeste, deflagrada pela Polícia Federal (PF) com autorização do Superior Tribunal de Justiça (STJ), que culminou em novembro no afastamento de quatro desembargadores (José Olegário Monção Caldas, Maria da Graça Osório Pimentel Leal – ambos até então candidatos a presidente do tribunal -, Maria do Socorro Barreto Santiago, além do presidente Gesivaldo Britto) – suspeitos de fazer parte de um esquema de venda de sentenças e tráfico de influência. Na última sexta (29), Maria do Socorro foi presa por descumprir decisão judicial e manter contato com servidores do órgão baiano.
“Estamos assumindo o tribunal em um momento crítico, sem qualquer exagero, eu diria em tempo sombrios. A nossa proposta principal é tentarmos fazer um soerguimento do abalo sísmico que o Tribunal sofreu. O jurisdicionado quer e exige que o Tribunal de Justiça da Bahia volte às suas origens histórica”, afirmou. “Cheguei agora à presidência com muita responsabilidade, fé e esperança. Eu pertenço a uma geração que se recusa a viver o luta das utopias, nós precisamos crer no futuro, na nossa capacidade de superar os obstáculos e passar os tropeços naturais, a vida é assim sempre permeada por altos e baixos”, completou Lourival citando o escritor português Fernando Pessoa: “Não tenho medo do desafio, aprendi a desafiar o próprio desafio”.
Lourival foi eleito na manhã desta quarta-feira (4) em votação apertada no 2° turno, com apenas um voto de diferença da segunda colocada, a desembargadora Cynthia Resende. Além dele, também foram eleitos os desembargadores Carlos Roberto Santos Araújo como 1° vice-presidente, Augusto de Lima Bispo como 2° vice-presidente, José Alfredo Cerqueira da Silva como corregedor-geral da Justiça e Osvaldo de Almeida Bomfim como corregedor das Comarcas do Interior. A posse da nova mesa-diretora ocorrerá após o recesso do Poder Judiciário, no dia 4 de fevereiro, no Salão Nobre do Fórum Ruy Barbosa, em Salvador.
Lourival foi cauteloso a dizer quais medidas serão feitas de imediato. Segundo o desembargador, será preciso primeiro que a nova mesa-diretora eleita faça um raio-x da atual situação para apresentar um plano de trabalho, mas lembrou que em sua gestão à frente do Tribunal Regional Eleitoral da Bahia (TRE-BA) conseguiu alavancar de 26° para o 1° no ranking nacional de produtividade.
Ao Política Livre, no entanto, o novo presidente eleito criticou a situação do 1° grau de jurisdição, que conforme sua avaliação, “representa um ponto de estrangulamento”. “O 2° grau está muito com a desenvoltura, eu diria, razoável. A jurisdição é expedida, rápida, não há demora. Já o 1° grau é um verdadeiro caos. Nós precisamos, primeiro, ver a questão dos juízes que estão se submetendo aos concursos em andamento, procurar nomeá-los o quanto antes e aparelhar melhor o 1° grau de jurisdição para desafogar o que está encalhando essa desenvoltura. E temos que nos aproximar do povo. Precisamos dar efetividade ao preceito constitucional de levar a justiça onde o povo está, uma justiça célere e eficaz”.