O caso de Roberto Alvim, secretário de Cultura do Governo de Jair Bolsonaro, ao parafrasear o ministro da Propaganda Nazista, Joseph Goebbels, no lançamento do Prêmio Nacional de Cultura, é um desses eventos que chocam e levam à perplexidade. Pior é que, no resto do texto, ele declara um nacionalismo exacerbado, com uma expressão facial austera e palavras ditas em tom autoritário. O cenário, o enquadramento, tudo remetia ao pronunciamento do nazista. Diante de tanta similaridade, não há como argumentar que o secretário tenha sido vítima de uma armação para derrubá-lo do cargo. Tudo leva a crer que Alvim quis reproduzir o desastroso momento histórico. Bolsonaro o demitiu sumariamente. O mistério agora consiste em saber porquê ele fez isso.

Roberto Alvim era festejado, inclusive pela esquerda, como um dos maiores diretores de teatro do país com reconhecimento internacional. Curado de uma doença fatal miraculosamente, se converteu ao catolicismo e apoiou Jair Bolsonaro para presidente. Foi execrado pelo teatro brasileiro, formado em sua maioria por artistas de esquerda. No governo, se dizia boicotado por funcionários de carreira da pasta da cultura. Nessa semana aparece supostamente fazendo apologia ao nazismo. A esquerda já o taxava de louco, agora ele deu margem a desconfiarem que a pecha para assassinar sua reputação por infeliz coincidência pode ser verdade.

A partir desse momento, ele passou a gozar da execração da direita e da esquerda, praticamente está liquidado como artista e passará certamente por sérias dificuldades. Espero que compreenda a gravidade dos seus erros e encontre pessoas misericordiosas que o ajude.

Muito triste tudo isso, para a humanidade em si.

Por Paulo Dias para o News Infoco