Olá amigo leitor. Após um período ausente desta minha coluna, claro que com grandes saudades, retorno para tratar de um tema importante, que, inclusive já foi alvo de análises minhas, mas que merece novamente ser revisitada. O transporte público municipal de Alagoinhas.

Os problemas todos nó já sabemos: atraso nos horários dos ônibus, frota abaixo do necessário, tarifa no limite da possibilidade econômica da classe menos favorecida, etc. A população reclama e com razão.

O que não se pode admitir é a utilização demagógica desta mazela por uma parcela da classe politica alagoinhense, principalmente alguns integrantes da oposição, que observa nesta problemática a possibilidade de alcançar os seus intentos pessoais, relegando a segundo e terceiro plano a solução para o problema e as necessidades do povo.

Para se chegar a uma solução para o sistema de transporte público é preciso conhecer a causa primária, o que gera todas essas mazelas citadas acima. E no caso do transporte público municipal de Alagoinhas, esse problema chama-se: SUBFINANCIAMNETO DOS CUSTOS DO SERVIÇO. Ou seja, o que a empresa concessionária arrecada com a cobrança da tarifa para o usuário pagante não é suficiente para arcar com os custos do serviço e ao mesmo tempo investir na melhoria da qualidade da prestação do serviço. Planilhas e estudos técnicos de diversas consultorias apontam para isso.

O desprezo da classe politica alagoinhense aos pareceres técnicos sob a égide de uma demagogia barata entoando bravatas do tipo “ABAIXO A TARIFA”, “A LICITAÇÃO PIOROU O TRANSPORTE PÚBLICO” ” A INTEGRAÇÃO NÃO PRESTA” demonstra a ignorancia e/ou desonestidade intelectual destas figuras.

Incapazes de apresentarem modelos de subsidio ou financiamento ao sistema que garantam a prestação do serviço e a qualidade que o usuário necessita, utilizam-se de espaços midiáticos e redes sociais para omitir informações, lançar meias verdades e difundir a ignorancia na sociedade.

O custo necessário para a prestação do serviço não pode continuar a ser dimensionado por achismos de politico A ou B. O custo é real e baseado no que se gasta com insumos e concessão de gratuidades. O que se deve discutir é a forma de seu financiamento. Quem arcará com todo o custo: somente o usuário pagante, a prefeitura ou uma divisão dos custos entre o usuário e a prefeitura? Qualquer coisa fora dessa discussão é demagogia.

A Lei Orçamentária Anual está para ser votada na Câmara Municipal e prevê uma receita de R$ 621 milhões para prefeitura o ano que vem. Será que não há espaço orçamentário para o subsidio ao transporte?! Ou não há interesse e vontade politica de se fazer isso?! Perguntar não ofende.

Uma a uma, as empresas de transporte público que operavam em Alagoinhas foram caindo, acumulando dívidas trabalhistas que até hoje rolam na Justiça. Dois exemplos são ainda recentes: Xavier e Cidade Alagoinhas. Será os funcionários da ATP serão as próximas vítima da “demagogia dos irresponsáveis”?

Chegamos em dezembro de 2022 com um risco de greve dos rodoviários porque a empresa já disse não ter recursos para pagar o 13º salário. Quem irá pagar os salários desses rodoviários, caso a empresa desista de operar em Alagoinhas ou decrete o fechamento de suas portas?!

Irão é se amontoar nas filas do desemprego! E a população que já reclama de um serviço de má qualidade, irá é reclamar da falta do serviço.

Quem irá transportar gratuitamente idosos a partir de 60 anos, deficientes, etc. Quem irá conceder meia passagem para estudantes?! Nenhum outro modal de transporte oferece as gratuidades que o transporte público municipal ônibus concede.

Tá na hora da classe politica dirigente desta cidade largar a demagogia e as bravatas de lado e discutir seriamente o problema do financiamento do transporte público. Amanhã sexta-feira(09), haverá uma audiência pública na Câmara Municipal de Alagoinhas para tratar do tema. Ótima oportunidade para começarem a fazer isso.

Escrito por Caio Pimenta, advogado, âncora do programa Primeira Mão, da radio Ouro Negro 100,5 FM. Ele também escreve sua coluna no site News Infoco, do qual é editor- chefe e dirige a radio web 2 de julho.