Depois de criticar a decisão do presidente Jair Bolsonaro (PSL) de escolher o novo procurador-geral da República fora da lista tríplice, o coordenador da força-tarefa da Lava Jato em Curitiba, Deltan Dallagnol, defendeu nesta sexta-feira (13) “trabalho conjunto” com Augusto Aras.

Em mensagem aos colegas na rede interna de procuradores, Deltan afirmou que “é hora de trabalhar pelo MPF [Ministério Público Federal]” e que a atuação da Lava Jato “depende de permanente coordenação entre instâncias, inclusive entre primeira [instância] e PGR”.

“É importante o trabalho conjunto para continuar expandindo as investigações para responsabilizar criminosos e recuperar recursos, dentro da nossa atribuição”, escreveu o coordenador da Lava Jato.

Segundo afirmou Deltan, a ideia de composição com Augusto Aras também é defendida, por exemplo, pelo procurador Vladimir Aras, que concorria à lista tríplice com o apoio de Sergio Moro e é primo de Augusto. Eles são de grupos opostos na PGR.

Deltan relatou aos colegas procuradores uma conversa que teve com Aras nesta quinta (12). Como mostrou o Painel, o escolhido para suceder Raquel Dodge recebeu telefonema do chefe da força-tarefa e fez gestos à operação pregando “diálogo permanente”.

“Tive um contato inicial com o Dr. Aras, ontem, que expressou seu compromisso de manter e até fortalecer o trabalho das forças-tarefas, sua abertura ao diálogo e sua disposição para uma atuação coordenada”, contou Deltan.

O coordenador da Lava Jato também elogiou a formação da equipe de Aras. Ele convidou, por exemplo, a procuradora Thaméa Danelon, que comandou a operação em São Paulo, e já indicou que pretende reincorporar ao grupo de trabalho da operação na PGR os procuradores que pediram demissão na semana passada, em protesto à atual procuradora-geral, Raquel Dodge.

“Os desafios do MPF e do combate à corrupção são imensos. Que possamos construir o futuro mediante o diálogo e a cooperação”, disse Deltan.