Lioness Festival exalta as mulheres no reggae em evento em Salvador

Destaque da edição, a cantora inglesa Chardel Rhoden vem se despontando na cena europeia como uma das vozes femininas mais promissoras do reggae contemporâneo. É reconhecida internacionalmente por sua voz poderosa e letras que combinam espiritualidade, resistência e identidade. A estreia da artista no Brasil acontece no festival.

Além dela, o evento traz a baiana Jôh Ras, um dos nomes em ascensão no cenário local, que une reggae roots, afrofuturismo e ancestralidade em suas composições autorais. O line-up fica completo com a terceira atração, escolhida por votação popular nas redes do festival, Pali, cantora e trombonista argentina radicada na Bahia, artista independente que traz o trombone como elemento central em sua performance, imprimindo uma sonoridade rica e dançante ao reggae roots em shows enérgicos que valorizam lirismo, espiritualidade e resistência

Uma performance especial, dirigida pela artista Manuela Rodrigues, vai unir no palco as baixistas Riane Mascarenhas, Thais Macena e Jôh Ras, em uma celebração à essência feminina do reggae music. O evento ainda contará com um aulão de dança do coletivo Agarradinho Roots, animando o público antes dos shows.

MULHERES NA CENA
Para além da música, o Lioness Festival é um espaço de afirmação e inclusão. Com toda a equipe formada por mulheres, o festival reafirma seu compromisso com a representatividade também nos bastidores. Este ano, o projeto promoveu duas formações técnicas gratuitas voltadas exclusivamente para mulheres – uma em técnica de áudio e outra em técnicas de palco (roadies), que formaram 60 mulheres. Agora, parte dessas participantes vivenciarão, na prática, a produção do evento, ampliando sua inserção no mercado musical.

Além de trabalhar a inclusão de mulheres em atividades comumente desempenhadas por homens nos palcos da cultura e entretenimento, a ação formativa responde a uma necessidade urgente do mercado. Dados da Associação Brasileira de Roadies e Técnicos (ABRT) apontam que menos de 10% dos profissionais em funções técnicas no setor de eventos no Brasil são mulheres. A falta de formação acessível e a invisibilização das mulheres nos bastidores contribuem para essa desigualdade histórica.

“Ver as mulheres que participaram das nossas oficinas atuando agora na prática, dentro da estrutura do festival, é a confirmação de que estamos no caminho certo. O Lioness não é só um palco de visibilidade, mas também um espaço de formação, acesso e inserção real no mercado. Nosso compromisso é seguir criando oportunidades concretas para que mais mulheres ocupem, com autonomia e qualidade, todos os espaços da cadeia produtiva da música — inclusive os que costumam ser invisibilizados”, afirma Bruna Moitinho, idealizadora do projeto.