Por causa de atraso nos pagamentos, parte dos funcionários da campanha do PT à Presidência nas eleições 2018 decidiu cruzar os braços e interrompeu os trabalhos nesta semana, em meio à substituição do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, condenado e preso na Lava Jato, por Fernando Haddad como cabeça de chapa. Os profissionais integram as equipes responsáveis pela produção dos programas eleitorais do partido para a TV, o que ameaça a entrega dos novos comerciais da coligação. O Estadão/Broadcast apurou que parte da equipe de pré e pós-produção de vídeo da campanha petista está parada há pelo menos dois dias, o que pode atrapalhar a produção de programas dedicados a apresentar Haddad como indicado de Lula, cuja candidatura foi barrada pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), com base na lei da Ficha Limpa, que torna inelegível condenados por decisão colegiada.

A paralisação dentro da campanha começou, de maneira progressiva, na semana passada, durante o feriado de 7 de Setembro. Os contratados aguardavam receber pagamento até a sexta-feira, 7, mas a remuneração não foi regularizada, o que gerou o início de um movimento de paralisação. Na semana anterior, os prestadores de serviço haviam sido orientados a emitirem suas notas fiscais, antecipadamente, para receber seus vencimentos antes que a candidatura de Lula fosse julgada pelo TSE. A direção de campanha já contava com a possibilidade do ex-presidente ter o registro de candidatura indeferido, o que ocasionaria uma alteração no CNPJ da campanha, algo visto como um elemento complicador para essa regularização.

Mesmo assim, várias equipes não receberam os valores combinados antes da decisão da Justiça Eleitoral. Um dos coordenadores de marketing do PT, Otávio Antunes atribui o “atraso de alguns profissionais” a problemas burocráticos. “Lamentamos o atraso, mas 90% dos contratos dos fornecedores da campanha já estão com sua situação completamente regularizada”, disse Antunes. “Estamos dentro do cronograma (de produção do programa eleitoral).” Antunes é ligado à empresa M. Romano Comunicação LTDA, que cobrou R$ 7, 4 milhões da campanha de Lula por serviços de “produção de programas de rádio, televisão ou vídeo”. A empresa não estaria ligada aos atrasos nos pagamentos. A troca do CNPJ da campanha seria uma das razões do problema. No entanto, funcionários receberam diferentes explicações sobre a questão. O problema afetou, inclusive, a produção do programa eleitoral do PT veiculado nesta quinta-feira, 13, que trata da substituição dos candidatos petistas. A inserção mostra Haddad no ato em frente à sede da Polícia Federal, em Curitiba, na segunda-feira, 10, e narra a leitura de uma carta do ex-presidente direcionada ao povo brasileiro, na qual ele discorre sobre a “perseguição” que o fez ter de abdicar da disputa presidencial.

Estadão