Ex-prefeito de Alagoinhas, cidade o qual governou entre 2009 e 2016, Paulo Cezar Simões tenta retornar ao posto, após 7 anos sem um mandato eletivo. Nesse interim perdeu as eleições para deputado estadual em 2018 e 2022 e uma mais dolorosa, a de prefeito, em 2020, quando viu uma até então desacreditada reeleição de Joaquim Neto se concretizar. Agora em 2024 tentará mais uma vez retomar o comando do Paço Municipal, naquela que é visto por muitos como a última oportunidade de se reabilitar politicamente.

Diferente da eleição de 2020, Paulo Cezar está mais comedido. Escolhe a dedo os veículos em que irá se pronunciar, evitando claramente aqueles que são mais críticos e questionadores. Com mais de 30 anos de vida pública, diversas condenações na justiça, e ingerências conhecidas em seus mandatos, Paulo Cezar tem um telhado de vidro que pode se quebrar muito facilmente e ele sabe disso.

Diante das suas fragilidades, eis que surge uma estratégia que até aqui tem dado certo: eleger uma força auxiliar capaz de lhe ajudar no desgaste ao seu principal adversário politico: a escolhida foi a vereadora Luma Menezes.

Compondo o grupo de ACM Neto no município, a vereadora Luma Menezes, principal nome do PDT, não tem qualquer espaço para aglutinar apoios políticos do lado carlista. O União Brasil de Paulo Azi, pela tradição e força politica que possui, engole todas as siglas que estão disponíveis nesse campo. Se a situação no campo carlista já é difícil, no campo petista é pior dado a conjuntura politica que caminha para união dos partidos da base do governador Jerônimo.

Do ponto de vista politico, hoje o principal obstáculo para que Luma seja a protagonista das forças carlistas na cidade é Paulo Cezar, que vem sendo tratado por ela até aqui como um parceiro politico. Trocando em miúdos, sem capilaridade politica Luma Menezes nem de longe apresenta uma ameaça a Paulo Cezar, a qual as pesquisas internas tem lhe dado números muito mais favoráveis.

Superado aquele que seria um problema para hegemonia cezista no campo carlista no município, eis que se aponta uma missão para Luma Menezes: ser a linha auxiliar de Paulo Cezar, ou seja, o seu “padre Kelmon”. Padre Kelmon, aquela figura exótica que surgiu na politica brasileira no ano passado com a incumbência clara de ajudar o então presidente Bolsonaro a se defender dos adversários durante a campanha eleitoral, principalmente nos debates televisivos.

Não é a primeira vez que a vereadora Luma Menezes é usada como força auxiliar por caciques partidários. No ano passado, assim como apontou esta coluna, os caciques pedetistas ao identificarem um potencial mediano de votos na vereadora a lançou como candidata a deputada federal. A sua votação, embora distante de lhe dar um cargo de deputada, foi uma bela contribuição para que o partido conseguisse o quórum suficiente para eleger Felix Mendonça Jr e Léo Prates para Câmara Federal. ( leia aqui )

Enquanto caciques carlistas decidem o que deve fazer Luma Menezes durante a campanha de 2024: se será vice de Paulo Cezar, se lançará uma candidatura própria a prefeitura ou desistirá para concorrer a eleição na Câmara de Vereadores, ela aproveita a pré-campanha para garantir mais espaço midiático e desgastar o governo do prefeito Joaquim Neto, que tem como seu pré-candidato a prefeito, Gustavo Carmo. Porém quem mais tem lucrado com essa postura, mostram as pesquisas internas, não é a pedetista e sim Paulo Cezar, que tem ganhado eleitores, mesmo calado.

Com um “padre Kelmon”, ou “madre kelmon” para chamar de seu, Paulo Cezar tentará criar a sua vantagem eleitoral, mas há 11 meses da eleição, o contra-ataque dos adversários pode acontecer. Como se comportará o eleitorado nessa história?! Só as urnas irão dizer.

Escrito por Caio Pimenta, advogado, âncora do programa Primeira Mão, da radio Ouro Negro 100,5 FM. Ele também escreve sua coluna no site News Infoco, do qual é editor- chefe e dirige a radio web 2 de julho.