O ex-ministro da Fazenda Henrique Meirelles afirmou, em sua primeira entrevista após deixar o cargo, que a eleição deste ano traz risco de instabilidade do país e que candidatos de esquerda, como Ciro Gomes (PDT), e de direita, como Jair Bolsonaro (PSL), representam um desmonte da política de reformas do governo Michel Temer. Mais à vontade fora do traje de ministro, ele disse estar convicto de que será o candidato do MDB à Presidência se Temer abdicar da vaga. Questionado sobre as acusações de corrupção que pairam sobre seu novo partido, afirmou que não será afetado por sua trajetória pessoal: “Nunca fui político”. Meirelles também negou ser o “candidato do mercado”. Ele começou a montar sua equipe neste fim de semana e prepara a instalação de um gabinete na sede nacional do MDB, em Brasília, de onde vai despachar com privacidade.

Barbosa foi questionado se fez acordo com Temer para deixar o cargo, ao que ele respondeu: Não revelo minhas conversas com o presidente. Tenho convicção de que, não sendo o presidente Temer, o candidato do partido serei eu. Não há possibilidade de ser outro”, disse, negando que será o vice de Temer, que pode disputar o Planalto. “Não. No momento não estou considerando essa possibilidade. Se o presidente Temer julgar que tem condições de ganhar a eleição, ele vai ser candidato e certamente é um projeto ótimo. Isso vai ser um julgamento, uma avaliação que eu e ele vamos fazer juntos, num primeiro momento, mas depois também conversando com o restante das lideranças do partido: quem é que tem melhores condições”.

A reportagem perguntou se o Brasil poderia reviver a instabilidade política de 2002,  a resposta do ex-ministro não foi otimista: “Acho que vai ocorrer instabilidade em 2018. Não necessariamente na mesma dimensão. Aquele nível era a incerteza política com vulnerabilidades da economia, que agudizavam o processo. Não tinha reservas, existia uma dificuldade com a dívida doméstica. Agora é o risco da volta atrás. O risco do desmonte, de desestabilização da economia, por propostas de candidatos. Os candidatos dos extremos que estão aí. Seja Bolsonaro, seja Lula. O Ciro está propondo várias coisas radicais nesse sentido. O Bolsonaro está apresentando propostas liberais, mas tem todo um histórico de votos a favor do intervencionismo econômico. Como parlamentar, ele foi contra todas essas reformas. Temos um candidato (Ciro) que propõe desestabilizar. Ele propõe interferir no câmbio para desvalorizar, está criando instabilidade. Vai romper contratos na área de concessão de petróleo e energia, expropriar capital estrangeiro. É o que se temia do Lula em 2002 e que não fez. São candidatos que pretendem reverter parte da agenda de modernização do País implementada. São propostas que remetem ao que foi tentado no passado e fracassou”.

 

Fonte:Tribunadabahia